Dienstag, August 08, 2006

parênteses: vende-se fantasmas

0.117

para F.H.

Só hoje tive tempo, ao pequeno-almoço (por volta das 14h, hora de Lisboa) de folhear pela primeira vez a Magazine Littéraire deste verão. Folhear, ler artigos e críticas de uma página - guloso como sou, deixo sempre o dossier para o fim (e de preferência para horas em que não esteja a comer). Manias.
Na pág. 22 prende-me o título: Fantômes à vendre:Verlaine et Rimbaud à Londres. E não é que a ditosa casa que albergou os dois poetas franceses (e logo dois da minha tão cara predilecção...) em estadia mítica, em Londres, está à venda. Ou melhor, estava, porque o prazo acabava a 31 de Julho. Tristeza, melancolia, fetichismo. Saía já do país.
Não seria, pois, a primeira vez que me servi do meu fetichismo para decisões imobiliárias. Em estadia belga, não perfaz muito mais de dois anos, optei por um quarto mesmo antes de entrar. Bastou apontarem-me a janela. A típica fenêtre de coin de quartier, em prédio de oitocentos, secretária voltada, cidade estendida por baixo da caneta. Baudelaire, le spleen. É claro que passei meses a subir e descer quatro andares de escadarias velhas de madeira que rangia a cada passo,mas também, de insignificâncias está o mundo cheio. E cada um as combate como pode.
On se croirait à Bruxelles, disse Verlaine à chegada ao bairro de Camden a Londres. Justement, mon chér.