Mittwoch, Oktober 18, 2006

discurso do método em dia de chuva

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Deve ter sido por volta de Março de 2004 que a minha adolescência finou. Leia-se inocência. Ou idealismo. Sim, talvez a palavra mais acertada aqui, retrospectivamente falando, seja mesmo idealismo. A escolha, a decisão, era então tomada por algo que teria forçosamente que ser maior que eu. Toda uma ética, todo um programa, está fácil de ver. Ora, isto acompanhou-me - como um vírus - até meados da minha licenciatura. O último mês de 2003 e os primeiros meses de 2004, que passavam sem que um só raio de sol se vislumbrasse em céu belga, foram já de ténue depressão, sentido descendente de uma visão do mundo, que saía assim derrotada.

A partir daí, e por contraposição cabal, o passo era dado em direcção a coisas mais pequenas que o espaço dos meus passos. Revolução coperniciana das minhas ambições, clínica cuidada de um corpo dilacerado à custa de cegueiras várias. Também não resultou, não é difícil perceber.

Como compreendi um pouco mais tarde, o incondicionado (seja ele místico, religioso ou teórico-idealista) não basta, tanto como o condicionado (positivista, materialista ou outros istas que tais) não nos satisfaz. O acontecimento é, pois, um condicionante que não é maior, mais largo daquilo que condiciona. É o da do sein. Rigorosamente. O design a infindável metamorfose das suas variáveis.

Em Outubro de 2005 comecei a escrever aqui no DdD porque sentia-me fora de um acontecimento. Estes dias, ponderei fechar o estaminé por excesso de acontecimentos. No entanto, seria cair na velha e boçal bipolaridade, que, justamente, nega a possibilidade de acontecer.

A ver vamos o que se segue. Ainda assim, segue.