Dienstag, Mai 30, 2006

epígrafes (possível série em gestação)

0.77

Há anos que cultivo a arte da epígrafe.
Fazer meticuloso e paciente, pode dizer (quase) tudo do texto que inicia. Que orienta.
No melhor dos casos torna-se parte integrante, visceral, do texto, absolutamente consanguínea.
Donde uma não menos paciente leitura das epígrafes dos outros. Ao ponto de dizer "mostra-me as tuas epígrafes, dir-te-ei quem és".

Nestes casos o savoir faire obriga a começar por mim próprio. Seja. Exponho-me nas duas que figurarão numa intervenção que (re)trabalho neste momento para um encontro em terras anglófonas (portanto, hostis a este tipo de execuções).
O Enforcamento de Ariadne, de seu nome.

"Penser?...Penser! c'est perdre le fil."
Paul Valéry, Cahier B 1910*
"Ce qu'il récuse en Thésée, ce le fil:
«Que nous importe votre chemin qui
monte, votre fil qui mène dehors, qui
mène au bonheur et à la vertu...Vous
voulez nous sauver à l'aide de ce fil?
Et nous, nous vous prions instament:
pendez-vous à ce fil!» "
Gilles Deleuze, Logique du sens**
*Valéry, P. OEuvres, II, Bibliothèque de la Pléiade, Gallimard, Paris, 1960, p. 579
**Deleuze, G. Logique du sens, Éd. Minuit, Paris, 1969, p. 153