Dienstag, Februar 28, 2006

só um corpo

03.

Um corpo só é um corpo quando é um pouco menos ou um pouco mais que um corpo.

Montag, Februar 13, 2006

voir avec la peau

02.
"Est-ce si triste et dangereux de ne plus supporter les yeux pour voir, les poumons pour respirer, la bouche pour avaler, la langue pour parler, le cerveau pour penser, l'anus et le larynx, la tête et les jambes?
Pourquoi pas marcher sur la tête, chanter avec les sinus, voir avec la peau, respirer avec le ventre."

[ Deleuze, Gilles. Mille Plateaux. Capitalisme et Schizophrénie 2, Éd. Minuit, coll. «Critique», Paris, 1980, p. 187 ]


(depois de uma semana a pensar a 40º, com a língua espetada num cacto, do qual ainda guardo alguns espinhos, tudo isto me parece uma enorme e entediante sala de espera)

Freitag, Februar 03, 2006

nota introdutória

01.

[a vasculhar em papéis amarelos e engavetados e em cadernos pretos com rasuramentos ambíguos de leituras antigas e hipotiposes suspensas encontrei este texto que poderá, muito bem, servir como alavanca para esta nossa investigação que principia. deve datar d'entre dezembro'04 e janeiro'05]

nota introdutória / lux in tenebris
da anárquica gravitação dos corpos

Trata-se aqui da morte, da queda, do intervalo e da criação. Do irresistível peso dos corpos, portanto.
A presença é, assim, aspirada por uma ausência porosa, míope, fantasmática. É, pois, a própria presença que ao esvaziar-se devém espectro.
E essa nebulosa da distância, essa terrível "vertigem do espaçamento", expõe, desta maneira, brutalmente, uma oceânica fissura que se abre pela falta da pele divina.
Hoc est enim corpus meum: este toque balbucia-se de um corpo ausente, do corpo da ausência, espaço intersticial que ao separar sustenta, numa lei da atracção absolutamente indomável.