Dienstag, Oktober 24, 2006

parênteses: agenda

0.148

A partir de amanhã, e até sexta, passarei os dias na Gulbenkian, num colóquio em que falam alguns nomes de primeira linha, não tivesse sido a coisa planeada por Fernando Gil. Há ainda o DocLisboa na Culturgest com coisas bem apetecíveis. Ainda acontece, quinta-feira, a apresentação do ciclo da Cinemateca dedicado aos Cahiers, a "publicação que mais influenciou a História do Cinema", com o actual chefe de redacção da revista, Emmanuel Burdeau, que apresentará a sessão de "Sombras no Paraíso"(1986) de Aki Kaurismaki.
O que eu quero dizer é: não estranhem a ausência.

parênteses: o oráculo de Brooklyn

0.147

Em Smoke, filme realizado por Wayne Wang e escrito por Paul Auster, enquanto uma das personagens principais entra na tabacaria (centro gravitacional da narrativa), um tipo alardeia, em fundo, como os Estados Unidos atacarão o Iraque e Saddam: "Se não os tipos do Pentágono perdem o emprego, se não arranjarem mais nenhuma guerra. Escrevam o que eu digo."
Smoke é de 1995.

Donnerstag, Oktober 19, 2006

revista da bloga

0.146

O ano que nos espera.

1, 2, 3 tiros na mesma mosca.

New York, on a rocker point of view (continua em mais 5 posts).

parênteses: heterobiografia

0.145

Por vezes penso que isto podia muito bem chamar-se confissões de um ghost-reader amador. Não só, mas também.

eu não acredito, mas que eles existem lá isso

0.144

[...]Mas vejamos como é que Coffin se tornou um leitor fantasma ("ghost-reader") profissional: "Em 1992, eu estava em Las Vegas para ajudar um famoso jogador de bacará a escrever o seu diário. Uma manhã, saindo da piscina, encontrei um antigo colega de faculdade, agora professor numa universidade da Carolina do Sul, que no dia seguinte voava para Idaho, onde ia fazer uma conferência sobre o escritor francês Georges Perec. O meu amigo estava com um «pequeno problema». Pretendia «fazer uma referência» a Cantatrix Sopranica L. et Autres Écrits Scientifiques, livro de Perec que fora publicado em França no ano anterior. Mas não o tinha lido. Na verdade, como descobri depois, interessava-lhe particularmente um texto coligido nesse livro, "Roussel et Venise. Esquisse d'une géographie mélancolique", mas que Perec tinha já publicado muitos anos antes, com Harry Mathews. Pareceu-me que isso tornava a ignorância do conferencista menos desculpável. Mas como eu tinha lido o livro há apenas dois meses e o tinha ainda bem presente na memória, em poucos minutos lhe fiz um resumo oral do respectivo conteúdo. Ao fim da tarde, à hora combinada com o jogador de bacará para «escrevermos» o seu diário, eu tinha concluído uma coisa - acabara de retomar uma vocação quase esquecida - e decidido outra - tornar-me-ia um leitor fantasma profissional" (pp. 222-223).
[...]
ele há jornalistas e pivots televisivos sem tempo para «prepararem» entrevistas com escritores famosos; ele há cronistas, opinion makers e até mesmo críticos que ambicionam "fazer referências e citações mais oportunas e convenientes", mas estão demasiado ocupados com "outras coisas" para poderem adquiri-las por via mais canónica; ele há escritores "mediáticos" e prolíficos, editores, estudantes e professores "sem tempo para leituras"; ele há simples anónimos mundanos que não pretendem mais do que "manter uma conversa que presumem culta".[...]


Mário Santos, "Sarcasmos múltiplos" in Público/Mil Folhas 13 Out 06

parênteses: traduções


0.143

parênteses: leituras

0.142


Mittwoch, Oktober 18, 2006

discurso do método em dia de chuva

0.141

Deve ter sido por volta de Março de 2004 que a minha adolescência finou. Leia-se inocência. Ou idealismo. Sim, talvez a palavra mais acertada aqui, retrospectivamente falando, seja mesmo idealismo. A escolha, a decisão, era então tomada por algo que teria forçosamente que ser maior que eu. Toda uma ética, todo um programa, está fácil de ver. Ora, isto acompanhou-me - como um vírus - até meados da minha licenciatura. O último mês de 2003 e os primeiros meses de 2004, que passavam sem que um só raio de sol se vislumbrasse em céu belga, foram já de ténue depressão, sentido descendente de uma visão do mundo, que saía assim derrotada.

A partir daí, e por contraposição cabal, o passo era dado em direcção a coisas mais pequenas que o espaço dos meus passos. Revolução coperniciana das minhas ambições, clínica cuidada de um corpo dilacerado à custa de cegueiras várias. Também não resultou, não é difícil perceber.

Como compreendi um pouco mais tarde, o incondicionado (seja ele místico, religioso ou teórico-idealista) não basta, tanto como o condicionado (positivista, materialista ou outros istas que tais) não nos satisfaz. O acontecimento é, pois, um condicionante que não é maior, mais largo daquilo que condiciona. É o da do sein. Rigorosamente. O design a infindável metamorfose das suas variáveis.

Em Outubro de 2005 comecei a escrever aqui no DdD porque sentia-me fora de um acontecimento. Estes dias, ponderei fechar o estaminé por excesso de acontecimentos. No entanto, seria cair na velha e boçal bipolaridade, que, justamente, nega a possibilidade de acontecer.

A ver vamos o que se segue. Ainda assim, segue.

Sonntag, Oktober 08, 2006

the next day

0.140

Este humilde estaminé completou ontem um ano. Todas as previsões não poderiam auspiciar a dimensão das festividades. A co-incidência deste aniversário e da festa de encerramento do Imago Film Festival - onde me encontrava a exercer funções de jurado - excederam em muito as expectativas. A todos os que a passaram comigo (muito especialmente ao Júri Jovem do Festival) e a todos os que por aqui passaram durante este ano, obrigado. Sim, porque nunca pensei aguentar esta porra durante todo este tempo.