00.5.
Aborrece-me. E já de algum tempo a esta parte.
Debato-me com a estratégia (medíocre) de abordagem a qualquer tipo de experiência possível (Kant) e/ou real (Foucault) a partir do primado, fundamentalista, da linguagem (estrutura representacional, entenda-se).
Como se ( als ob ) a "experiência" estivesse obrigada, por imposto e decreto (oh, humanismo retorcido...), a ter a mesma estrutura da nossa gramática (compreendida em sentido amplo).
Mas dizem-me: "o pensamento é linguagem". Talvez não, meus caros, talvez não...

[voltarei a isto. agora vou comer, estas coisas mexem-me com o baixo ventre.]

00.4.
Corpus, Jean-Luc Nancy.

La lune se couche, moi aussi.
[variação sobre uma frase esquecida]

00.3.
Opus magnum, portanto.
O espaço que se abre pela escrita (de si) como trabalho forçado de auto-poiese, esboço rasgado desse aí vertical, vertiginoso, orienta-nos (sem fio, já que Ariadne enforcou-se para nos devolver as veias) aqui. As morfologias de uma existência grafada. O resto que constitui o todo.

O papel da escrita é constituir, com tudo o que a leitura constituiu, um corpo ("quicquid lectione collectum est, stilus redigat in corpus"): a escrita trans-forma a coisa vista ou ouvida em forças e em sangue ("in vires, in sanguinem").

Um corpo ex-crito.
[vou dormir.]

00.2.
Design :
desígnio, intenção, projecto; maquinação, trama, desenho, esboço. [Dicionário de Língua Inglesa]
palavra inglesa de emprego generalizado que define o processo de criação estética e/ou funcional de um objecto ou, mais abrangentemente, de tudo o que é perceptível por qualquer dos sentidos. // o produto desse processo.
[Dicionário de Língua Portuguesa]


Dasein :
existência (Da.sein), existir (d.asein).
[Dicionário de Língua Alemã]
estar-em-presença (anwesen), não-estar-encoberto (un-verborgenheit), está-a-ser, acontecimento de apropriação (er-eignis), aí-ser (da-sein), aí-do-ser. // "o que se dá como um sendo: essência em exercício".
[Holzwege, Prólogo à Edição Portuguesa]

00.1.
Numa destas noites fui apanhado por um filme no qual um amigo perguntava ao outro: - "e tu, conheces-te?", o qual obteve a seguinte resposta - "sim, de vista." Pareceu-me bem. E mais não digo.

00.
Que se abram, então, as hostilidades.
Depois de alguns apelos e de muitas ressalvas proponho-me a combater(-me) aqui.
Permita-se-me, tão só, desejar-vos uma leitura não menos tumultuosa.