Donnerstag, April 27, 2006

ver, ouvir, tocar


0.57




Este vosso escriba vai laurear a pevide.
Saio às 09.30h, por incrível que isso possa parecer.
Tentarei dar-vos conta dos progressos das operações em cada ponto da cartografia dos desejos.
Bom dia.

Dienstag, April 25, 2006

obrigado

0.56

Montag, April 24, 2006

ressaca e metafísica (série sem fim à vista)

0.55

"[...]O que eles [alcoólatras] querem é chegar à última bebida, ao último copo. Um alcoólatra nunca pára de parar de beber, nunca pára de chegar à última bebida.«Última», aqui, significa, que ele não consegue suportar beber mais naquele dia particular. É o último ao seu alcance, contrariamente ao último para além do seu próprio alcance, que o faria cair. Assim, a busca é pelo penúltimo copo, pelo último gole...antes de começar o dia seguinte. [...]

Beber ajudava-os [aos escritores norte-americanos] a perceber aquele algo que é demasiado forte na vida."


[B de Boire in Deleuze, C. Parnet, C. L'Abécédaire de Gilles Deleuze, real. P.-A. Boutang, Ed. Montparnasse, Paris, 2004. A tradução e sublinhado são meus.]

parênteses: jet lag

0.54

A minha companhia nocturna é uma aristocrata britânica (de pêlo curto) que, habituando-se aos meus fusos horários, também já ceia às 03h da madrugada. Temo que devenha melancólica e descambe para ontologismos. Snob ela já é.

Sonntag, April 23, 2006

parênteses: dia mundial do livro

0.53





"Je vais parler et je sais dire, mais quel est l'écho hostile qui m'interrompt?"

René Char

parênteses: diferenças no surrealismo espanhol

0.52

Dalí: dar nas vistas.

Buñuel: entrar pelos olhos dentro.


[contexto: acordam-me (coisa, que em circunstância alguma se deve fazer, a não ser que implique sexo matutino, e não implique sair da posição horizontal para a vertical) para almoço protocolar. não consegui abrir os olhos e lembrei-me destes dois. bom dia.]

Freitag, April 21, 2006

parênteses: História da Filosofia

0.51

"Nous ne faisons que nous entre-gloser."

Montaigne

Heidegger e o padeiro (série limitada)

0.50

"Aquilo que determina a coesão ou unidade de um colectivo não é, com efeito, mais que a lei de um acontecer conjunto e inseparável: a marca do que, noutros textos, Heidegger chamará o Er-Eignis, o radical acontecimento no qual ser e homem se encontram e apropriam reciprocamente." *


[Hoje, o padeiro ao passar e depositar o pão nosso de cada dia, ensaiava uma cançoneta num moderato cantabile entusiasmante. Allegro, ma non troppo, estão a ver.]



*da tradução em curso

Donnerstag, April 20, 2006

parênteses: leituras periódicas

0.49

José Pacheco Pereira dá, hoje no Público, uma inteligibilidade marxista ao fenómeno comment na blogosfera:"A fauna das caixas de comentários". Serviço bloguítico (de conteúdo pago para gratuito) no Da Literatura. Vale a pena ler. Ainda dizem que o metabloguismo anda pelas horas da morte.

[Actualizado: consultar texto integral no blog do autor.]

Dienstag, April 18, 2006

coffee things

0.48

"O controlo da mangueira também é uma questão de género."

Montag, April 17, 2006

desconstrução. da teoria à prática

0.47

Posicionava-me ainda, com todo o vagar, para, profissionalmente, iniciar o meu segundo sono (portanto, principiaria a tarde, julgo eu) quando aberrantes raios de luz natural e batidas secas me cortaram a respiração. A entidade parental já me tinha avisado. Eu é que me tinha esquecido. Assunto: o meu escritório precisava de retoques, pinturas e outras pieguices.

A coisa era delicada, e ao passar da névoa da noite para as impurezas que cada feixe solar sustenta já toda a civilização ocidental, de Parménides a Deleuze, estava por terra. Nem Artaud conseguiria descrever a visão. Contive-me. Que remédio.

Para uma pessoa como o meu pai tudo aquilo era completamente normal. Tudo aquilo são livros, "papéis pintados com tinta", que, se não os transportarmos para a vida nada valem. Sempre foi assim, aliás, a praxis antecede a theoria. Paternal e ontologicamente. Fico agora a pensar se alguma vez terá lido Levi-Strauss. Bom, não interessa. O que é certo e sabido é essa muito nossa divergência primordial. Por exemplo, em teatro, ele diz Brecht, eu digo Beckett. E não há volta a dar.

Segundo ele, amanhã ao fim do dia as coordenadas do meu mundo reencontram-se com o meridiano da bela passividade de quem faz teoria. A ver vamos. Até lá tenho o cânone da Literatura Ocidental aos meus pés. Literalmente, claro.

coffee (and other) things

0.46

"Não foi por isto que me fui embora, mas é por isto que não volto."

Sonntag, April 16, 2006

ressaca e metafísica

0.45

"Preciso de verdade e de aspirina."
Diga-se, em abono da primeira, que, hoje, preciso mais da segunda.

Samstag, April 15, 2006

1+1+1=1

0.44

Ora, para a Páscoa, para a Páscoa, assim de repente e às 05 e tal, só estou a ver isto.

Donnerstag, April 13, 2006

parênteses: latentes desterritorializações sazonais

0.43

Mortinho por ir cheirar a Primavera a outros pólens.

Dienstag, April 11, 2006

a amigos espalhados pelo mundo, familiares distantes e desconhecidos interessados

0.42

A todos, peço então ajuda para a realização deste calvário.

Vou começar a reunir o que for possível e fértil para uma futura investigação e consequente livro sobre Turner, J.M.W., o meu Turner, no que, em qualquer altura propícia, Natal, Páscoa, aniversário, Dia do Amigo e/ou Desconhecido, para a semana que vem ou até daqui a dois anos, etc., podem sempre trazer ou enviar qualquer coisa (confio no vosso rigor de análise para tal empreitada).
A todos os que contribuírem, claro está, receberão em troca beijinhos e/ou abraços (consoante o género ou a francofilia) e, evidentemente, o livro, em edição inicial e numerada para os amigos das ocasiões.

A todos um muito obrigado pela atenção.

[P.S. Tudo começou num fim de tarde, das primeiras solarengas de uma Primavera belga não muito simpática, em que, perto de um albergue boémio em que eu e o Apollinaire costumávamos beber copos (em épocas diferentes, forçosamente), encontrei um magnífico espaço com raridades espalhadas pelo chão e uma sobre o pintor na montra.]

trabalhos de tradução dos pássaros no norte de portugal

0.41

Vir trabalhar para o campo:

  • vantagens: não há mesmo mais nada para fazer.

  • desvantagens: não há mesmo mais nada para fazer.

Heidegger e o padeiro

0.40


Heidegger e a lexicologia do Gestell, ou a técnica de traduzir de heideggeriano para heideggeriano, não tocando nas pedras de toque em grego clássico.

[Passou o padeiro. Pontualidade rural.]

Sonntag, April 09, 2006

parênteses: leituras inactuais

0.39

“ Vivre dans l’angle mort – par lequel le visible cesse d’être visible à la vue.
Dans l’intervalle mort où les deux rythmes humains (cardiaque et pulmonaire) s’agrippent et autour duquel ils engendrent l’extase sonore et peut-être la musique et, à partir de la musique, le temps ”.


Pascal Quignard, Les Ombres errantes ,p.54

parênteses: leituras periódicas

0.38

Li no Público de ontem Ontologia e retórica em O Gato Fedorento por Rui Tavares.
Conclusão: muita retórica, nenhuma ontologia. O costume.

salvações a prazo

0.37

Apercebo-me que as duas únicas coisas de que nunca me fartei foram Turner e torradas.
As torradas salvam-me o dia, Turner salva-me tudo o resto.

Samstag, April 08, 2006

parênteses: um último cigarro, por hoje


0.36

Hoje estou assim.

Freitag, April 07, 2006

coisas que se ouvem nos cafés

0.35

Acabei de ouvir que no Central Park há uma chinesa que faz massagens e nos transmite uma paz oriental. Faz sentido. Marta, quando precisares já sabes onde procurar.


[este pode muito bem ser o primeiro de uma série a prolongar, diligentemente, de agora em diante. coffee things.]

Donnerstag, April 06, 2006

parênteses: espaço-tempo

0.34

tempo: as previsões são de chuva para todo o continente.

[portanto,]

espaço: vou para a cama dormir.

Bom dia.

parênteses: também vale arrancar olhos?

0.33

Sarkozy 1 - Chirac/Villepin 0

[aquela descida às ruas já em tempos de desconto faz com que Sarkozy vá para a segunda mão em condições favoráveis para passar a elimina(r)tória]

parênteses: leituras

0.32

Um dia com Michel Butor, 80 anos, 1400 coisas escritas (daquelas a que normalmente chamamos livros), obra indispensável a qualquer contrabandista do pensamento que se preze:

"Quand je suis à Lucinges, je me lève vers 7 heures du matin, j'ouvre les volets, et je regarde les informations à la télé en buvant beaucoup de thé. Puis je m'habille, et le chien me sort. C'est lui qui l'exige. Donc tous les jours, nous allons marcher. C'est très important. C'est ainsi que les idées me viennent. Ensuite j'épluche le courrier. Et je consacre une ou deux journées par semaine à répondre à ceux qui m'écrivent. Je suis plus lent qu'autrefois. Je fabrique des petits collages, qui m'évitent les longues lettres. Le reste du temps, j'écris mes livres. Le soir, je dîne ; parfois nous regardons un film avec ma femme à la télé. Et voilà, je me couche et je lis."

Dienstag, April 04, 2006

parênteses: baralhar e voltar a dar

0.31


Esta noite andei por aqui.

Samstag, April 01, 2006

parênteses sobre blogocinefilia

0.30

Primeiro, e é preciso dizê-lo, a intuição certeira do título.
Depois, as escolhas ainda mais rigorosas a demonstrar afinidades irredutíveis.
Para acabar, um projecto tendo como pano de fundo uma paixão.
A comprovar, num blog perto de si.


[O DdD dá todo o apoio à construção do site sobre "Out One" de Rivette, do qual ainda só vi a versão "Spectre". Ainda não encontrei um bairro desses.]

parênteses recto: ordem de trabalhos

0.29

Nestas primeiras horas de Abril fui atacado por uma fortíssima sensação de inocuidade. Já costuma acontecer, com as primeiras brisas primaveris. Neste caso foi exponenciado por um dia de ressaca. Coisas do hábito, pois. Já sinto a febre, a pressão. Se eu fosse fazer as contas, o gráfico daria que metade do que escrevi até hoje foi na Primavera. De ressaca, claro. Antes, durante e depois.


Ora, esta Primavera promete:

  • um ensaio sobre o conceito de univocidade em Duns Escoto
  • uma tradução sobre um tema particularmente interessante, a partir de uma língua pela qual não nutro nenhuma empatia particular
  • uma conferência sobre o estatuto absolutamente nuclear da estética no programa ontológico deleuziano (temática, aliás, que vai na linha da problematização do corpo a que nos proposemos aqui)

Portanto, a minha Primavera começa amanhã.