parênteses: senão, vejo-me obrigado a surripiar alguém
0.125
Ora cá está um óptimo exemplo de uma prenda à qual não ficaria indiferente este vosso quase aniversariante.
Ângulos Mortos - fragmentos de geometria variável.
0.124Um ângulo é uma matemática específica do espaço.A morte é uma metamorfose ainda desconhecida.Um ângulo morto é um teorema extemporâneo. Uma geometria sem forma, linha sem ponto.Espectralidade pura, sem fantasmas.
parênteses: um pouco menos "silly"
0.123
Exactamente meu caro. Ainda bem que concorda.
parênteses: zeitgeist
0.122
Na invulgaridade da frescura dos dias da última semana, refugiei-me. A tentar salvar o verão. Da natural improdutividade estival.A ajudar à festa, a chegada de alguns bombons francófonos:Multitudes 25 Chimères 60Estas duas revistas de resistência (no melhor e mais forte sentido da palavra, que, aliás, nas duas, devém conceito axial), faz-me perceber, com a leitura recente do exemplar deste verão da Magazine littéraire, o retorno de um debate à volta do Desejo, do avô Sigmund, com a irascibilidade típica dos lacanianos (Badiou, Zizek), e a malta da Multitudes que prefere Masoch a Sade, para pensar (fabuloso dossier no qual alerto para o derradeiro texto - Kant avec Masoch - do proeminente investigador François Zourabichvili, que tive a ocasião de o ouvir, da boca do autor, já que foi, justamente, a sua intervenção num colóquio sobre Gilles Deleuze no início do ano em Lisboa. Voltarei a este texto e a Zourabichvili.). De qualquer maneira, não me parece por acaso que uma intelectual, das mais interessantes e inventivas da actualidade, como é Catherine Malabou, esteja justamente a trabalhar em Freud. Não me perguntem como é que eu sei disto.No sábado, a meio de acontecimento protocolar a que não consegui escapar recebo este sms:O Freud é o pai da teoria da conspiração. Ou, se acaso existirem precedentes históricos, é um Santo Padroeiro a destempo. [...]Pois é, deve estar no ar do tempo.
parênteses: auto-portrait
0.121Tenho horror à mediocridade. O que neste país é, geralmente, confundido com snobismo. Seja. Entenda-se, pois, a definição.
parênteses: Godard au Pompidou
0.120E por falar em Godard, i.é, em cinema, o grande acontecimento deste Agosto é aqui.Para quem não poder ir a Paris, ler aqui uma boa sinopse.
parênteses: afinidades
0.119Ambos temos Heidegger no nome.Ambos temos Deleuze nos argumentos.E depois, claro, há Godard. Afinidades.
parênteses: moscas
0.118Na mouche. Mesmo que seja do verão passado.
parênteses: vende-se fantasmas
0.117para F.H.
Só hoje tive tempo, ao pequeno-almoço (por volta das 14h, hora de Lisboa) de folhear pela primeira vez a Magazine Littéraire deste verão. Folhear, ler artigos e críticas de uma página - guloso como sou, deixo sempre o dossier para o fim (e de preferência para horas em que não esteja a comer). Manias.Na pág. 22 prende-me o título: Fantômes à vendre:Verlaine et Rimbaud à Londres. E não é que a ditosa casa que albergou os dois poetas franceses (e logo dois da minha tão cara predilecção...) em estadia mítica, em Londres, está à venda. Ou melhor, estava, porque o prazo acabava a 31 de Julho. Tristeza, melancolia, fetichismo. Saía já do país. Não seria, pois, a primeira vez que me servi do meu fetichismo para decisões imobiliárias. Em estadia belga, não perfaz muito mais de dois anos, optei por um quarto mesmo antes de entrar. Bastou apontarem-me a janela. A típica fenêtre de coin de quartier, em prédio de oitocentos, secretária voltada, cidade estendida por baixo da caneta. Baudelaire, le spleen. É claro que passei meses a subir e descer quatro andares de escadarias velhas de madeira que rangia a cada passo,mas também, de insignificâncias está o mundo cheio. E cada um as combate como pode.On se croirait à Bruxelles, disse Verlaine à chegada ao bairro de Camden a Londres. Justement, mon chér.
ressaca e metafísica
0.116Hoje, totalizando-se, o espaço da ressaca eclipsa o horizonte da metafísica.
parênteses: auto-portrait
0.115Sofro de uma inabilidade crónica em lidar com mamíferos de tipo humano.Nem a lógica aristotélica me ajuda a este respeito. Bem pelo contrário, presumo.