Montag, Juli 30, 2007
upgrades
0.190
Por causa do link do post abaixo perguntam-me o que se passa com o Crítica&Crónica.
Explico: se por um lado tenho continuado a escrever críticas, das quais a maior parte fica na gaveta, por outro a coluna de crónicas que mantinha - Atelier do Conceito - finou pela possibilidade que existiu de passar a escrever críticas de artes visuais de um diário nacional, o que, no entanto, não se concretizou devido às mudanças que vimos assistindo que levam a uma standartização dos mesmos e a um aligeiramento dos conteúdos.
Ainda assim, esta pergunta vem num momento que que pensava justamente o que fazer com este tipo de receptáculo de textos da biosfera na blogosfera. Portanto durante o mês de Agosto espero ter tempo de lá colocar algumas críticas que tenho para aqui estacionadas e, a partir do mês de Setembro, continuo com o Atelier do Conceito especificamente para o Crítica&Crónica com uma periodicidade que deve rondar o quinzenal.
Quando sair em livro eu aviso.
Sonntag, Juli 29, 2007
vou tomar café
0.189
Hoje, daqui a sensivelmente uma hora, a tese dos cafés vai estar em cima da mesa do Câmara Clara, na RTP2.
Donnerstag, Juli 26, 2007
"comment franchir la ligne?", a pergunta
0.188
Um grande amigo, que não vejo há demasiado tempo, responde(-me) desta maneira:
il faut jeter l'echelle apres l'avoir montée; quelle limite pour la ligne? Fica a pergunta-resposta.
da sensatez (2)
0.187
"Eu creio que é importante ter um pequeno número de autores com os quais pensamos, com os quais trabalhamos, mas sobre os quais não escrevemos. Escreverei talvez um dia sobre eles [Nietzsche e Heidegger], mas nesse momento não serão mais para mim instrumentos de pensamento. Ao fim e ao cabo, há para mim três categorias de filósofos: os filósofos que não conheço; os filósofos que conheço e de que falei; os filósofos que conheço e de que não falo."
Foucault, M. Dits et Écrits 1954-1988, vol. IV, Gallimard, Paris, 1994, p. 703. Última entrevista concedida, estas palavras são ditas a menos de um mês da sua morte.
vida (quase) humana
0.185
Ao que parece Kant era da opinião que a contenção* sexual favorecia a criação intelectual.
Acabei um ensaio.
*Mudar, a gosto, por abstinência.
Mittwoch, Juli 25, 2007
vida animal
0.184
Há muitos anos que alguns amigos ouvem uma pseudo-teoria minha sobre como a economia energética de alguns rituais primitivos, ou mesmo da vida animal (época de acasalamento, defesa e marcação do território...), é hoje trabalhada em espaços nocturnos.
Uma destas noites bebia um copo numa festa de apresentação de um destes festivais de verão. A dado momento pareceu-me vislumbrar um indivíduo com uma t-shirt da National Geographic. E aí confirmei as minhas suspeitas: ao mais pequeno descuido passamos de observador (seja ele de veia antropológica, etnológica ou primatologista) a objecto de estudo.
Samstag, Juli 21, 2007
diálogo
0.183
Pergunta Novalis: "para onde se dirige a alma de noite?"
Responde Maria Filomena Molder: "a alma de noite dirige-se para o seu sonho e toma a sua escada, o corpo."
Freitag, Juli 20, 2007
Dienstag, Juli 17, 2007
da sensatez
0.181
Em fins de Junho de 1968 Michel Foucault volta a Paris para participar nas derradeiras manifestações e nas assembleias na Sorbonne.
Maurice Blanchot conta* que lhe falou sem estar certo, porém, que Foucault o tenha reconhecido.
Foucault jamais tentou encontrar Blanchot, que dizia admirar demasiado para desejar conhecê-lo.
*Blanchot, M. Foucault tel que je l'imagine, Fata Morgana, 1986
Montag, Juli 16, 2007
4 anos
0.180
Um dos esteios da nossa bloga completou 4 anos ontem. Muitos parabéns ao Luis Carmelo e ao Miniscente.
"concursos públicos"
0.179
Se estão lembrados, por altura do primeiro aniversário aqui do estaminé, encontrava-me a acompanhar o IMAGO Film Festival'06 no Fundão. Fazia parte do Júri Jovem (estabelecido a partir das 8 melhores críticas de cinema de cinéfilos lusos até 25 anos e pelos dois autores estrangeiros dos melhores spots publicitários para o festival, no caso dois colegas chineses estudantes em Inglaterra). Para além da responsabilidade de dar um prémio (Prémio Júri Jovem/IPJ/Prémiére), sairia dos oitos jurados portugueses o representante luso ao Júri Jovem Europeu no 60º Festival de Cinema de Cannes. Tal ditava o protocolo que o Imago tinha com o IPJ (Instituto Português da Juventude, caso ainda não se tenham apercebido) há vários anos.
Ora, numa destas noites do Curtas, regadas a cerveja, cinema e boa disposição, reencontro um dos organizadores do IMAGO, justamente aquele que tão amavelmente me tinha recebido no Fundão em Outubro último. Conversa em dia, perguntas sobre a preparação da edição de 2007 do festival e, inevitavelmente, notícias de Cannes. Pois, ao que parece, o IPJ fez ouvidos surdos à escolha do elemento do Júri Jovem, não deu notícias até ao 1º dia de Cannes, desfez-se em telefonemas, à posteriori, para a organização do IMAGO e para (aquele que não chegou a ser) o representante português no maior festival de cinema do mundo. Mas, de facto houve um jurado português em Cannes! Tudo isto num tom de tentativa de abafar a questão com outros souvenirs...
Nem a Comissão organizadora do IMAGO Film Festival nem o meu colega de Júri eleito para ir a Cannes se calaram e esperam respostas numa reunião agendada para o efeito, com o IPJ e um representante do Ministério da Cultura. E assim vão as "dinâmicas culturais" aqui pelo burgo.
sex, drugs and cinema (2): o Curtas de Vila do Conde
0.178
Video, Color, 6' - ed.of 5+1a.p.
Filmes premiados:
1. Competição Internacional
- Grande Prémio Cidade de Vila do Conde:CAPITALISM: CHILD LABOR, de Ken Jacobs (EUA)
- NYMPH, de Ken Jacobs (EUA)
- Prémio para a melhor Animação:BLUE KARMA TIGER, de Mia Hulterstarm e Cecilia Actis (Suécia)
- Prémio para a melhor Ficção:COMPILATION 12 INSTANTS D'AMOUR NON PARTAGÉS, de Frank Beauvais (França)
- Prémio para o melhor Documentário:DE FUNCIÓ THE LAST PERFORMANCE, de Jorge Tur (Espanha)
- Prémio para o melhor Filme Experimental:ANNE SINEMA OGRENIYOR MY MOTHER LEARNS CINEMA , de Nesimi Yetik (Turquia)
- Prémio para o melhor Vídeo Musical:BIRDS - VITALIC, de PLEIX (França)
- Prémio UIP/ Vila do Conde:PLOT POINT, de Nicolas Provost (Bélgica)
- Prémio do Público:YAPTIK-HASSE, de Edgar Bartenev (Rússia)
2. Competição Nacional
- Melhor filme da Competição Nacional - Tobis, BPI, Smiling: EUROPA 2007, de Pedro Caldas
3. Take One
- Prémio para o melhor filme da competição Take One! - Avid, Restart, Agência da Curta Metragem: GENTES DO MAR, de Dânia Lucas
4. Onda Curta
- AMIN, de David Dusa (França)
- JEU, de Georges Schwizgebel (Suíça/Canadá)
- GRAVITY, de Nicolas Provost (Bélgica)
- ALGUNA TRISTEZA SOME KIND OF SADNESS, de Juan Alejandro Ramírez (Perú)
- THE DAYS AND THE HOURS, de Kristine Samuelson e John Haptas (EUA)
- Menção Honrosa:FAQ (PART I), de Sagi Groner (Holanda)
Dienstag, Juli 10, 2007
a panda
0.177
Bobby: "Nothing's black and white."
The Devil: "Nothing's black and white; nothing's black and white—what about a panda? What about a panda, you dumb fuck!"
David Mamet, Bobby Gould in Hell
Montag, Juli 09, 2007
a corrente das leituras
0.175

O Luís Miguel Oliveira democratizou a corrente e, dado o estado calamitoso da minha cabeceira, isto pode servir para pôr alguma ordem. Portanto, os últimos cinco terão sido:
- Michel Foucault, L'usage des plaisirs e Le souci de soi (respectivamente, vol. II e III da Histoire de la sexualité), Gallimard/TEL, Paris, 1984
- Siân Ede (eds.), Strange and Charmed. Science and the Contemporary visual arts, Calouste Gulbenkian Foundation, London, 2000
- Natalie Depraz, Lucidité du Corps. De l'empirisme transcendantal en phénoménologie, Kluwer Academic Publishers («Phaenomenologica»), Dordrecht/Boston/London, 2001
- Christine Buci-Glucksmann (eds.), L'art à l'époque du virtuel, L'Harmattan, Paris, 2002
- Marcel Duchamp, Engenheiro do Tempo Perdido. Entrevistas com Pierre Cabanne, trad. pt. e posfácio de António Rodrigues, Assírio & Alvim, Lisboa, 1990 (releitura)
No que toca a manter a corrente atrevo-me a passar a bola ao João Barrento, ao Rui Tavares, ao Luis Carmelo, ao André Dias e ao Alexandre Andrade.
Dienstag, Juli 03, 2007
Este Verão vou meter o Cervantes num bolso
0.172

Alguns amigos sabem bem a dimensão do meu fetichismo pelo objecto livro. Outros, não necessariamente os mesmos, ouvem-me, pacientemente, há muito tempo, sobre o sintoma que é a cultura de bolso não se estabelecer (ou vingar, veja-se o caso da tentativa da D. Quixote) no nosso país. Este sintoma revela um fosso (e, bem vistas as coisas, guardiões desse fosso).
A ideia não é nova, e foi exposta e desenvolvida pelo subtil e sagaz Hubert Damisch nos idos de 70. A ruptura de que fala Damisch nunca se deu em Portugal, nunca preencheu o fosso entre haute culture e a vida, nunca se cortou com a transcendência do que o próprio objecto parece vincular, em suma, nunca se tornou imanente à vida das pessoas.
Agora, três editoras (Relógio d'Água, Assírio&Alvim e Cotovia) juntam-se para tentarem cobrir esse fosso, insuflar-lhe vida. Começam com a prata da casa, o que, tendo os catálogos que têm, não é nada mau. E era tão bom os livros ganharem vida, e as pessoas sonharem com eles.
"false friends"
0.171
Pensar que a teoria do falso parentesco entre palavras ou expressões de idiomas diferentes poder-se-ia usar como modelo de aplicação antropológico-social. Desconfiar, sempre, do igual, das confluências (de gosto, de sentido, de trajecto, etc.), lutar com a terrível apatia da mesmidade. Eis, talvez, uma boa ecologia das relações pessoais. Levi-Strauss dizia que não eram as semelhanças mas as diferenças que se assemelhavam. Clones, nunca mais.